quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Duplos

“Se o teatro é um duplo da vida, a vida é um duplo do verdadeiro teatro. "




Assim como o sofrimento, o confronto é uma regra na vida do Artaud, que expressa isso principalmente em seus escritos. Não é de espantar, portanto, que ele tenha pensando a vida e o universo em termos de dualidade.



A dualidade dos termos impõe ora a idéia de um conflito (“ O Teatro de Alfred Jarry e a Hostilidade Pública”), (“Teatro Oriental e Teatro Ocidental”, “O Teatro e a Psicologia”), ora a de uma aliança( “ A direção e a Metafísica”) ou de uma identificação (“ O Teatro e a Peste” “ O Teatro e a Crueldade” ).Ainda assim, em todos os casos, um dialogo se estabelece, um progresso nasce da oposição, cada um dos dois termos se apóia sobre o outro. Assim Artaud é levado a ver o mundo e a si próprio em termos de dualidade. Um homem que confia em uma interação da vida e do teatro, e que vê no teatro em uma espécie de projeção do que deveria ser a vida. O teatro e seu Duplo não se estabelece uma relação simplesmente metafórica e verbal, mas uma relação da identidade.Os Duplos, com efeito, são múltiplos e se entrecruzam indefinidamente.

Sofrimento

“Eu sofro, não somente no espírito, mas na carne e na minha alma de todos os dias.”




O sofrimento é o coeficiente invariável em Artaud, ele era predestinado a doença, tendo desde pequeno problemas de saúde. Sendo assim esse mal era em primeiro lugar físico e depois ransforma-se pouco a pouco numa spécie de lamento obsedante em que o fisico o mental não mais de dissociam.

É a dor corpórea projetada sobre a vida mental. Para ele todos os seus males se reduzirão ao Mal único, ao sofrimento único de existir. Muito depressa nasce também a certeza de uma maldição e a convicção de que o sofrimento não provém do seu próprio ser, mas de uma vontade má que o atinge do exterior.


Ele procura tornar seu caso inteligível, traduzi-lo numa linguagem compreensível, propõe uma espécie de transição direta de seu estado interior.E ele recorre instintivamente ao teatro. Por quê? Porque a expressão dos antagonismos contitui o principio de todo teatro, mas sem dúvida também na esperança de destravar o conflito interior representando-o, isto é, projetando-o fora de si.




Alan Virmaux

A Palavra




Não devemos abolir o uso do texto, mas devemos perceber que um teatro edificado em seu uso não passa de uma vertente literária. A palavra tem que ter o seu lugar reduzido e deve ser fundida com a ação física, reforçando assim o signo de ambas.



"Deve considerar a encenação, não como o reflexo do texto escrito e de toda a projeção de duplos físicos que provem do texto escrito, mas como a projeção ardente de tudo o que se pode ser extraído, como conseqüências objetivas, de um gesto, uma palavra, um som, uma musica e da combinação entre eles.”



Happenings

“O efeito era algo como uma festa de máscaras organizada pelo Marquês de Sade e presidida pelos Irmãos Marx.”


Kaprow desenvolveu os Happenings como uma produção não-verbal, teatral, que a abandona estágio-estrutural das audiências, bem como as parcelas habituais ou linha narrativa do teatro tradicional. Os artistas são considerados como objetos, muitas vezes cinestésicos, envolvido dentro de uma concepção global do ambiente, tempo, som, cor e luz.

Podem ocorrer em qualquer lugar, sendo freqüentemente multidisciplinares, com uma narrativa não-linear e contando com a participação ativa da platéia. Os elementos-chave dos acontecimentos são arquitetados, porém os artistas mantêm o ambiente aberto para improvisações. Esta “New Media Art” (definida assim por Wardrip-Fruin e Montfort) , elimina a fronteira entre arte e seu espectador, pois devido a interação do público e a obra de arte este acaba de certa forma fazendo parte dessa.


TEATRO DA CRUELDADE

As filhas de Loth, lucas van den Leyden


Vocês sabem o que realmente é a crueldade?

É isso?
Não!
Eu não sei!

A crueldade
é
extirpar
pelo sangue até
que se sangre
Deus,
o acaso bestial
da animalidade inconsciente
do homem em todo o lugar
que o encontre.

E o que diabos você está fazendo, Sr. Artaud?

O homem quando não controlado
é um animal
erótico,
ele tem um
estremecimento inspirado
uma espécie de
pul-sa-ção
produtora de monstros sem fim
Que são a forma
que os antigo povos da terra
atribuiram
universalmente
a Deus

Isso constituia
o que chamamos
de espírito

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Teatro Oriental

“No teatro oriental de tendências metafísicas, oposto ao teatro ocidental de tendências psicológicas, as formas apoderam-se de seu sentido e de suas significações em todos os planos possíveis; ou, se quisermos, suas conseqüências vibratórias não são tiradas num único plano, mas em todos os planos do espírito ao mesmo tempo."


O teatro oriental eliminava o recurso da improvisação espontânea e projetava uma encenação matematicamente calculada, sendo nada deixado à iniciativa pessoal, formulando assim uma união de gestos e expressões de qualidade superior que projetasse para o espectador através desse esforço, o máximo dos sentidos causando conseqüências perturbadoras.
Artaud desejava em seu teatro a mesma força que o teatro oriental alcançava em repassar sua mensagem, não se detendo apenas aos aspectos exteriores é sim considerando a origem, a natureza e seus mistérios dela objetivando dar a experiência de contato do homem com o magnetismo universal.

O Suicidado da Sociedade


“E o que é um autêntico louco? É um homem que preferiu ficar louco, no sentido socialmente aceito, em vez de trair uma determinada idéia superior de honra humana. Assim a sociedade mandou estrangular nos seus manicômios todos aqueles dos quais queria desembaraçar-se ou defender-se porque se recusavam a ser seus cúmplices em algumas imensas sujeiras. Pois o louco é o homem que a sociedade não quer ouvir e que é impedido de enunciar certas verdades intoleráveis.”